No casamento – de alguém, não meu

Cheguei. Metido dentro duma indumentária que obstruía as minhas vias respiratórias e que metamorfoseava a minha silhueta costumeira, cumprimentei algumas pessoas conhecidas; um aperto de mão, dois beijinhos com sabor a muita base e blush, mais um aperto de mão até que ao fundo, perto de um jardim embelezado com rendas brancas e cor-de-rosa, vi pavões. Normal, o casamento era numa quinta.

Seguiram-se mais beijos cerimoniais, cumprimentos a mãos sufocadas por punhos de camisas bem aprumadas, ornamentadas com gravatas risíveis e tudo isto sobreposto por um casaco que parecia ser uma continuação das riscas das calças vincadas à frente.

Espera…pavões?! Aquela é a Maria José Reis…que penteado! E o melhor é que deve ter gasto um balúrdio para se apresentar nestes preparos! Enfim…

Tive o azar de ficar mesmo atrás desta personagem na cerimónia. Não vi nada. Bem, ver vi; mas através das nesgas de espaço existentes entre os seus cabelos (des)penteados a visão era muito reduzida, mesmo capilar! Via os cabelos desta mulher emaranhar o noivo e a noiva. Pareciam já unidos, presos um ao outro.

Casados os noivos, diverti-me, em tom de vingança, a atirar arroz para o cabelo de Maria José. E o arroz plantado lá ficou!

Mais tarde, quando serviram o Lombo Assado – prato obrigatório em todos os enlaces matrimoniais – de cada vez que Maria José mexia a cabeça o arroz crescia-lhe no prato! Incrível! De onde viria tanto arroz?! Fiquei contente por vê-la intrigada…afinal também estive intrigado durante toda a cerimónia sobre o que se estava a passar no “altar”.

Cada um tem o que merece.